Sumário Econômico – 1620

Percentual de famílias endividadas é menor em maio mesmo com estímulos ao crédito – O percentual de famílias com dívidas diminuiu ligeiramente em maio na comparação com abril, mas cresceu em relação ao mesmo mês do ano passado. Houve também pequena redução no percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso na análise mensal, mas aumentou na comparação anual. Já a proporção de famílias que relataram não ter condições de pagar suas contas em atraso, e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, cresceu nas duas bases de comparação. A proporção de famílias endividadas havia alcançado o maior patamar da série histórica em abril, após dois meses consecutivos de crescimento. Em fevereiro, mês anterior ao decreto da pandemia mundial da Covid-19, o endividamento havia chegado a 65,1% das famílias, 1,4 ponto percentual abaixo, portanto, da proporção atual. O cartão de crédito, apesar de seguir em primeiro lugar nos principais tipos de dívida, representando 76,7% do total do endividamento, vem perdendo espaço para outros tipos de dívida, em função de ser a modalidade mais cara de crédito. O percentual de famílias com dívidas diminuiu ligeiramente entre abri l e maio, após ter atingido a maior proporção da série histórica do indicador em abril.

O mercado cíclico de crédito e seus impactos nas fintechs – Carlos Thadeu de Freitas Gomes participou como moderador de um seminário na Fundação Getulio Vargas (FGV), ainda em novembro de 2019, sobre as fintechs e as oportunidades para o mercado financeiro no Brasil. O objetivo era debater as inovações e o papel dessas instituições, além dos impactos da tecnologia financeira na economia. Na época, as fintechs foram bastante elogiadas, principalmente pela disrupção que seriam capazes de promover no sistema financeiro. Segundo a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), existem mais de 600 startups financeiras no Brasil atualmente, mas pouco mais de 15 são registradas e reguladas pelo Banco Central (BC). A maioria delas concentra-se nas operações de concessão de crédito, o que as coloca em alto risco neste período de pandemia, em razão de não possuírem capital suficiente para se sustentarem durante a crise. O Banco Central, no entanto, estabeleceu algumas medidas para auxiliar esses empreendimentos financeiros digitais, como permitir que passem a emitir cartão de crédito, e a possibilidade de operarem utilizando as linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como ponte. As fintechs, que cresceram muito nos tempos
recentes, pela primeira vez, estão se confrontando com uma crise, em que cresceu o potencial da inadimplência. Elas foram introduzidas em momentos favoráveis, mas os bancos demonstram sua potência quando enfrentam crises sem ajuda oficial. Na agenda do Banco Central estavam iniciativas para estímulos às fintechs; entretanto, essas empresas estão agora com a liquidez ameaçada e demitindo funcionários. Assim como no passado, algumas irão passar por combinações de negócios, possivelmente se fundir, e outras infelizmente desistirão. O que fica aos investidores é uma desconfiança em relação a elas.

Quantificando a Covid-19 – As projeções para a economia brasileira em 2020 eram bastante positivas no início do ano, com expectativas de crescimento acima dos registrados nos anos anteriores. Contudo, a pandemia da Covid-19 e o isolamento social ocasionado por ela estão prejudicando todos os setores econômicos e fazendo com que essas estimativas sejam recalculadas. No último relatório Focus divulgado pelo Banco Central, a mediana das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) foi de -5,12%. Ainda não se tem os cálculos do efeito total dessa crise, já que ela ainda não tem uma data para terminar e os últimos dados oficiais divulgados são referentes a março, o início da quarentena. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o comércio varejista ampliado obteve a maior queda da série histórica em março, com taxa negativa de 13,7%. O setor de serviços também foi impactado pela Covid-19, sendo que é ainda mais difícil para algumas atividades desse setor se adaptarem ao momento e entrarem no mundo digital. Assim como no comércio, o volume de serviços também teve sua maior queda mensal da série histórica em março, com taxa negativa de 6,9%, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE. Uma das consequências dessa forte queda na lucratividade dos empresários é o aumento no desemprego registrado no primeiro trimestre do ano, alcançando um total de 12,9 milhões de pessoas nessa situação. Para poder aquecer a economia e controlar os efeitos negativos, o governo vem tomando várias medidas pontuais, como a permissão de flexibilização dos contratos de trabalho. Além disso, o Banco Central continuou sua tendência de corte nas taxas de juros e levou a taxa Selic para o seu menor nível histórico, de 3%.