Meu caro companheiro Jaques Wagner, governador da Bahia,
Meus companheiros ministros presentes a este evento,
Ex-ministro Waldir Pires,
Meu caro Marcelo Nilo, presidente da Assembléia Legislativa da Bahia,
Desembargador Benito Figueiredo, presidente do Tribunal de Justiça da Bahia,
Senadores João Durval e César Borges,
Deputados estaduais,
Companheiros deputados federais e deputadas.
Meu caro companheiro Jaques Wagner, governador da Bahia,
Meus companheiros ministros presentes a este evento,
Ex-ministro Waldir Pires,
Meu caro Marcelo Nilo, presidente da Assembléia Legislativa da Bahia,
Desembargador Benito Figueiredo, presidente do Tribunal de Justiça da Bahia,
Senadores João Durval e César Borges,
Deputados estaduais,
Companheiros deputados federais e deputadas. Eu não sei se estão todos aqui mas, companheira Alice Portugal, Antônia Magalhães, Colbert Martins, Daniel Almeida, João Bacelar, João Leão, José Carlos Araújo, José Rocha, Joseph Bandeira, Jusmari Oliveira, Lídice da Mata, Luiz Bassuma, Mario Negromonte, Nelson Pellegrino, Sérgio Carneiro, Uldurico Pinto, Zezéu Ribeiro. Não tem nenhuma votação importante lá no Congresso Nacional não?
Meus companheiros prefeitos,
Vereadores aqui presentes,
Meu querido companheiro João Henrique, prefeito de Salvador,
Meu caro amigo e companheiro Armando Monteiro, presidente da Confederação Nacional da Indústria,
Meu caro general Paulo Komatsu, diretor de Obras de Cooperação do Exército,
Meu caro Jorge Lins Freire, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia,
Meu caro José Manuel de Aguiar Martins, diretor-geral do Senai Nacional,
Meu caro Gustavo Leal Sales Filho, diretor do Senai da Bahia,
Meu companheiro Pagot, do Dnit,
Meus amigos, minhas amigas,
Queridos alunos e alunos do Senai/Cimatec Bahia
Primeiro, Armando, você já sabe disso, creio que o presidente da Federação das Indústrias da Bahia, creio que os responsáveis pelo Sesi e pelo Senai também, sabem a importância que eu dou à formação profissional. Não há nada mais sagrado para uma mãe ou um pai do que ver o seu filho se formar. Eu digo sempre que a um pai e a uma mãe o que menos interessa deixar para o filho é um conjunto de bens materiais. Todos nós já somos felizes quando podemos deixar para os nossos filhos uma formação profissional, se possível um diploma de doutor na universidade. Mas, muitas vezes, um curso profissional garante muito mais a um adolescente a oportunidade concreta de um posto de trabalho do que um curso universitário, dependendo no que o jovem se formou.
E vocês viram a cara da menina que me deu aqui a placa. A cara dessa menina, o sorriso dela, a expectativa de vida que ela construiu em torno da possibilidade que ela está tendo de se formar aqui é algo que não tem preço, é algo que possivelmente ela será eternamente agradecida, como eu sou, no dia em que a minha mãe me pegou pelo braço, em 1960, e me levou numa caminhada de oito quilômetros para me inscrever no Senai. E eu digo em todo santo lugar que foi exatamente a oportunidade que eu tive de estudar no Senai que me abriu a cidadania para uma profissão, por conta disso, para um emprego melhor, por conta disso para outros passos até chegar à Presidência da República. Obviamente que o Senai não prepara para isso, o Senai apenas abriu a possibilidade de que eu tivesse acesso a outros lugares que me permitiram chegar aqui.
Mas eu fico gratificado porque eu vivi, Armando, a grande crise do desemprego de 1965. Vocês são todos jovens e não lembram, mas em 1965 houve uma crise profunda de desemprego neste País. Eu fiquei um ano e dois meses desempregado, Armando. Eu era recém-formado do Senai e quando a gente é recém-formado, não tem a credibilidade que tem depois de sete, oito, nove ou 10 anos de profissão.
Eu me lembro quanta gente desempregada e lembro a diferença em procurar emprego com uma carteira com profissão e uma carteira sem profissão. Todo mundo aqui, quem não procurou emprego ainda, vai saber o seguinte: quando a gente tem uma profissão e a gente chega numa empresa, mesmo que não tenha vaga, ela vai anotar o nome da gente, vai fazer uma ficha, porque na hora em que começar a crescer, certamente ela vai atrás de um profissional competente. Mas se você não tem profissão, é simplesmente um “não” que você recebe na cara.
Passados tantos anos, desde que eu me formei no Senai, foi em 1963, já faz, portanto 43 anos que eu me formei no Senai, eu fico mais feliz ainda de perceber que a inovação tecnológica chegou na nossa cabeça, na cabeça do presidente da República, na cabeça do presidente da Confederação Nacional da Indústria, na cabeça dos nossos ministros, nas cabeças dos empresários, para compreender que o Senai do século XXI tem que ser realmente um Senai capaz de atender à revolução tecnológica que está acontecendo no mundo e preparar os nossos jovens para as indústrias cada vez mais modernas e mais atualizadas.
Eu saio daqui com a sensação de que não há dinheiro que pague a esperança estampada na cara desses meninos e dessas meninas que eu tive a oportunidade de visitar. Portanto, meu caro Armando, todo o sistema Senai e o sistema Sesi, estejam certos de que contarão com o governo naquilo que estiver ao nosso alcance, para que a gente possa fazer mais escolas, formar melhores profissionais, porque é isso que vai fazer o Brasil se transformar numa grande nação no século XXI. Esse é o caminho e se nós perdemos, durante muito tempo, a chance de fazer o que estamos fazendo agora, nós agora temos que correr muito mais, eu diria muitas vezes, atrás do prejuízo, para que a gente possa atender a um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil, combinado com um novo ciclo de crescimento, que todos nós iremos trabalhar para que seja duradouro, eu diria, que dure duas, três décadas, para que a gente possa recuperar as duas décadas e meia perdidas que nós tivemos de 1980 até outro dia.
Dito isso, eu queria dizer aos companheiros que nesses últimos 15 dias eu tenho tido motivo para acreditar ainda mais no nosso País. Primeiro, porque o meu ministro de Ciência e Tecnologia, junto do Conselho Nacional que discute Ciência e Tecnologia, me apresentou a proposta para o Brasil até 2010. Até 2010 serão investidos 41 bilhões de reais na área de Ciência e Tecnologia para que a gente dê um salto de qualidade de forma extraordinária e na construção de uma parceria com as empresas brasileiras, o que até então era difícil, porque houve um tempo em que os nossos cientistas não gostavam dessa combinação: ciência/empresas. Houve um tempo em que o nosso pessoal se contentava em produzir as suas teses acadêmicas para ficar na gaveta para estudo e não transformar aquilo num produto que pudesse gerar riqueza e conseqüentemente mais investimento. Graças a Deus há uma evolução e todos estão compreendendo que esse é o caminho que o Brasil tem que trilhar e, se não trilhar, nós jogaremos outra vez mais uma oportunidade de o Brasil se desenvolver.
A outra informação importante, ainda no campo da educação, é que nós estamos fazendo votações em todos os conselhos universitários e estamos discutindo a elevação do número de alunos por professores de 12, que é hoje no Brasil, para 18 alunos por professor. Se nós concretizarmos isso, nós estaremos, nos próximos quatro anos, colocando 1 milhão e 28 mil de alunos a mais nas universidades públicas federais brasileiras, fazendo com que a gente possa combinar essa formação universitária com a nossa formação técnica profissional e recuperar o tempo perdido de décadas em que também não se investiu corretamente na educação.
Meu caro Geraldo, eu queria dizer meu caro, já que você veio de Itabuna para Salvador, dizer o seguinte: quando nós em 2010 estivermos fazendo a última prestação de contas para este País, nós vamos estar entregando ao País, 10 universidades federais novas, vamos estar entregando ao País 214 escolas técnicas profissionais espalhadas por todo o território nacional e estaremos entregando ao País 48 novas extensões universitárias, levando as universidades para o interior do nosso País. Isso tudo somado aos números que a CNI mostrou aqui, somado ao Programa ProJovem, somado a todos os programas que nós estamos lançando para atendermos em 2010 até 4,5 milhões. Somados aos programas que muitas empresas estão fazendo porque sabem que elas também precisam formar a sua própria mão-de-obra, eu acho que nós poderemos, em pouco tempo, recuperar o atraso a que fomos submetidos.
O Armando sabe que cada vez que eu vejo um gráfico, viu governador, cada vez que eu vejo um gráfico que diz que a capacidade instalada está se esgotando, eu começo a ficar preocupado, porque na hora em que a capacidade instalada está atingindo o seu nível mais superior, significa que urgentemente nós precisamos convencer as empresas brasileiras a fazerem mais investimentos, porque a etapa de uma empresa fazer um novo investimento é o seguinte: primeiro a economia começa a crescer, o empresário começa a vender um pouco mais. Nesse momento, o empresário ainda não tem coragem de construir um galpão a mais, porque ele não sabe se vai ser duradouro. Então, o primeiro passo dele é contratar umas horas-extras, duas horas a mais por dia ou quem sabe trabalhar um sábado até meio-dia. Aí, se aquilo vai se consolidando, a economia continua crescendo e o empresário está vendo a sua demanda crescer cada vez mais, o que ele vai fazer? Ele vai abrir um terceiro turno. Se isso se consolida, aí sim vem uma nova planta, um novo projeto, novas máquinas.
Eu fui sexta-feira, junto com o Sérgio Rezende, à Petrobras, no Centro de Pesquisa da Petrobras, e está acontecendo uma coisa que está me deixando preocupado. É que os fornecedores da Petrobras estão demorando 470 dias para entregar as encomendas que antes entregavam em 270 dias. Por quê? Porque as empresas de petróleo estão crescendo muito no mundo, a demanda é muito grande, não há capacidade instalada para atender a demanda nem da Petrobrás e nem de outras empresas do mundo. E nós, Armando, vamos ter que construir muito discurso, o BNDES estará à disposição para a gente construir linhas de financiamento, porque agora chegou a hora dessas empresas voltarem a crescer.
Eu vou dar um exemplo para vocês: nós temos algumas regiões do País em que está faltando cimento. Está faltando cimento, que é uma matéria-prima que desde 1980, até outro dia nós tínhamos várias empresas que tinham desativado fornos inteiros porque há 26 anos a indústria da construção civil não crescia neste País. Pois bem, agora está faltando cimento, agora está faltando vergalhão, agora já está faltando engenheiros em algumas regiões, já está faltando pedreiro, já está faltando gente para colocar azulejo. Ora, a gente poderia dizer que é uma falta boa, não é? É melhor do que quando está faltando vagas para essas pessoas trabalharem, mas é ruim porque se a gente não tomar a atitude seguinte, que é a de criar política de incentivo para que essas empresa possam voltar a produzir… até 2010 serão instaladas neste País mais 12 fábricas de produção de cimento, porque há muitos anos não se construía nenhuma.
Este País só será construído se nós tivermos algumas coisas em mente. Primeiro, é preciso consolidar definitivamente a democracia no nosso País; segundo, é preciso que a gente continue baixando as taxas de juros; terceiro, é preciso que a gente tenha cada vez mais linhas de crédito para financiamento e que esse crédito esteja disponibilizado em menos tempo, porque muitas vezes a burocracia demora muito para que esse crédito saia, às vezes em um ano, às vezes em um ano e meio, às vezes em 4 meses, depende do tipo de empresa. Mas este País não pode esperar porque, por vacilação, nós já tivemos momentos extraordinários em que íamos crescer e de repente nós não crescemos, veio a crise e o País voltou atrás. Nós agora estamos seguros de que não tem como voltar atrás.
Vocês estão lembrados de que até outro dia qualquer discursinho do presidente do Banco Central americano criava uma crise aqui. Agora, nem a crise deles abala mais a gente. Por quê? Porque a economia está sólida, e a economia estando sólida permite que a gente possa discutir os novos passos. Por exemplo, como recuperar a indústria cacaueira na Bahia, como fazer uma combinação para recuperar um setor extraordinário de uma região extraordinária deste estado que há muito tempo vem sobrevivendo às custas de muito antibiótico? Nós estamos construindo um programa para recuperar, numa combinação do setor cacaueiro, o setor seringueiro e o setor de palmeira africana – o nosso famoso dendê, para a gente pode inaugurar, em Candeias a fábrica de biodiesel que a Petrobras tem que construir aqui e tem que construir em outros estados do Nordeste. Essa política de desenvolvimento do Nordeste tem como objetivo recuperar o atraso a que o Nordeste foi submetido. Vamos ser francos, vocês que são baianos, Wagner – agora é que estou me lembrando que você é um baiano do Rio de Janeiro -, mas vamos ser francos, o último grande momento de investimento na Bahia foi na década de 70, com o Pólo Pretroquímico de Camaçari, o último grande momento.
Outros estados do Nordeste passaram décadas sem que houvesse um pensamento de recuperar esta região e tornar o Brasil mais justo. O momento é esse. Por isso é que é preciso investir muito na educação aqui. Se vocês pegarem os indicadores da formação de doutores, Zezéu, você vai perceber que para cada 100 que a gente monta no Sudeste, monta-se um no Nordeste, monta-se um no Norte do País.
Então, com esse desnivelamento de oportunidades, a gente não vai a lugar nenhum. Aqui não tem nada contra nenhuma região, pelo contrário, nós somos a favor de um Brasil mais equânime, mais justo, onde todos tenham oportunidade de ver este País crescer de forma uniforme.
O que nós vamos fazer para a Bahia, nos próximos três anos, não é apenas porque o Wagner é meu amigo, é porque a Bahia necessita de uma ferrovia, é porque as ferrovias precisam ser recuperadas, senão o nosso discurso de desenvolvimento não tem credibilidade. Você anuncia o crescimento mas não anuncia a ferrovia, não anuncia a rodovia, então não vai para a frente.
Eu queria dizer para vocês, meus companheiros, que o futuro deste País está nas nossas mãos, se a gente não tiver atitude mesquinha, se a gente não for pequeno e se a gente pensar, independentemente do partido a que as pessoas pertençam. Acho que tem hora para a gente ser do partido, quando a gente está disputando eleição, mas tem uma hora em que a gente tem que votar não é apenas porque o meu partido quer que vote, é votar porque aquilo é de interesse do País, quem perde ou quem ganha com aquilo. Se a gente pensar grande e se a gente não permitir que a pequenez política tome conta da nossa cabeça em momentos em que a gente acha que pode prejudicar A ou B, este País tem, neste começo do século XXI, a chance que ele teve quando Getúlio pensou em industrializar este País, tem a chance que teve o Juscelino quando pensou no Plano de Metas, tem a chance que teve no Plano Cruzado, tem a chance que teve no Plano Real. E que não tiveram seqüência por quê? Porque muitas vezes a pequenez política, o pensamento nas próximas eleições atrapalharam a continuidade de um programa duradouro para este País.
Da minha parte, eu quero dizer ao governador da Bahia: Wagner, a Bahia não tem política de relação de favor com o governo federal, a Bahia tem direitos. E por ter direitos, eu acho que tanto os deputados, os senadores, quanto o governador precisam, diuturnamente, estar cobrando o governo federal, porque você sabe que a gente também fica à mercê das pressões lá. Se você não for muito lá, Pernambuco vai; se você não for muito lá, São Paulo vai; se você não for muito lá, Minas Gerais vai. Então, é preciso estar sempre na trilha, fazendo pressão, porque às vezes a gente sai de lá às 10h da noite com governador pedindo uma coisa, se chega um outro às 10h30 e pede, depende do pedido e do projeto.
Pois bem, como nós temos disposição, e o PAC é a demonstração do jeito republicano de governar, ou seja, todos os governadores, independentemente do partido político, todos os prefeitos, independentemente do partido político, todos estão aquinhoados com uma fatia do dinheiro do PAC, porque nós pensamos, definitivamente, que esse é o momento do Brasil.
Então, meus parabéns, Wagner, a tua última visita a Brasília valeu. Se chorar um pouquinho as coisas acontecem.
Mas eu queria terminar parabenizando a CNI e esta escola aqui. Olhem, eu saio daqui acreditando que nós só não damos certo se formos muito incompetentes.
Eu queria que a nossa menina ficasse de pé e viesse aqui para a gente ver a cara dela. Dá uma olhada nesse sorriso aqui. Se a gente imaginar o que nós colocamos de esperança e expectativa nessa “cachola” aqui, e se a gente imaginar a alegria com que ela está aqui, Armando, nós não temos o direito de não dar certo. Nós temos a obrigação moral e política de fazer do Brasil o grande país do século XXI.
Parabéns, Armando. Parabéns, Jaques Wagner, e parabéns a todos vocês.
Presidência da República, 29 de outubro de 2007.