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  • A segmentação turistica e sua importância no desenvolvimento dos destinos

     

    Luciana de Lamare Hashimoto *

    A segmentação turística é um conceito fundamental para nortear as estratégias dos profissionais e influenciar especialistas. A relevância da segmentação está na capacidade de trazermos ao plano de ação todas as informações que conseguimos repertoriar com estudos quantitativos e qualitativos. Como tirar o máximo proveito dos estudos de segmentação? Como criar valor para um destino?

    Todo turista é diferente. Todo turista se sente atraído por diferentes destinos turísticos, gosta de se envolver em diferentes atividades durante as férias, faz uso de diferentes instalações de entretenimento e reclama de diferentes aspectos de suas férias. Talvez muitos façam escolhas baseados na sua companhia de viagem ou, pontualmente, na sua situação financeira, acadêmica e nos seus interesses culturais. Embora todos os turistas sejam diferentes, alguns são mais parecidos que outros: muitas pessoas gostam de sol, muitas gostam de surfar ou de esquiar durante as férias, e muitas outras exigem instalações com animação para crianças.

    O reconhecimento de que todo turista é diferente e que a indústria do turismo não pode atender cada indivíduo separadamente constitui a base da segmentação do mercado. Wendell Smith (1956) introduziu o conceito de segmentação de mercado como estratégia, e essa segmentação, apesar de não se tratar de uma ideia recente, permanece um conceito muitas vezes intangível e imensurável.

    Ao segmentar um mercado, são desenvolvidos grupos de indivíduos semelhantes em relação a algumas características pessoais. A característica pessoal específica, com relação à qual a similaridade é explorada, é o critério de segmentação ou a base de segmentação. Os critérios de segmentação podem ser sociodemográficos, variáveis comportamentais ou variáveis psicográficas.

    A segmentação foi o que propiciou a uniformização dos serviços e a estandardização da oferta turística, e pode ser aplicada por qualquer unidade que opera no setor de Turismo: hotéis, agências de viagens, atrações turísticas, restaurantes e espaços de eventos.

    O benefício da segmentação de mercado reside na capacidade que um destino turístico tem de se especializar nas necessidades de um grupo específico e se tornar o melhor em serviços para esse grupo. Ao fazer isso, o destino ganha em:

    1.         Vantagem competitiva: a concorrência pode ser reduzida do mercado global para destinos turísticos especializados no mesmo segmento. Vender- se como um destino de sol e mar pode ser bom, mas como ser um destino verdadeiramente inovador e atrativo para esse segmento tão óbvio? O que as minhas praias têm de especial para oferecer? Algum tipo de certificação? Serviços especializados? Acessibilidade?

    2.         Investimento direcionado na melhoria do produto especializado. Em vez de tentar fornecer tudo a todas as pessoas a um custo alto, um destino ganha em escala econômica quando consegue trabalhar um determinado segmento. Um exemplo que me vem à mente é o turismo de saúde. Se houver mais especialistas em cirurgias plásticas de mama numa determinada praça, os valores serão mais competitivos, e o serviço será altamente qualificado em toda a cadeia.

    3.         Os esforços de marketing podem ser concentrados através do desenvolvimento da mensagem mais eficaz para o público-alvo. Todo investimento em comunicação pode ser unificado para extrair o máximo da promoção do destino num determinado país ou região emissora.

    4.         O turismo pode ser potencializado por meio de experiências desenvolvidas para atender ao segmento. Essa satisfação se traduz  em fidelização e em reverberação. Os turistas terão a sensação de que poderiam voltar e continuar de onde pararam e até repetirem as melhores experiências.

    Apesar dos inúmeros benefícios da oferta padronizada baseada em segmentação, com o acelerar a troca de informações, a complexidade da oferta e da demanda e as influências globais nos padrões de consumo, os profissionais de marketing estão cada vez mais preocupados com a análise quantitativa, a interpretação de KPIs (do inglês Key Performance Indicator, ou seja, indicador-chave de desempenho) fornecidos pela indústria da customização em massa. Números que devem servir para nortear e orientar.

    Precisamos ultrapassar os desafios que a segmentação nos impõe, não somente como destino, mas como praça em um mercado globalizado. O desperdício de recursos é uma preocupação verdadeira, e os recursos são limitados: tempo, dinheiro, contatos, influência, oferta e demanda.

    Estamos sujeitos, passiva ou ativamente, conscientes ou inconscientes, aos caprichos da tomada de decisão estratégica. Ela envolve ponderação, análise, objetivação, mensuração, estabelecimento de metas, controle e, mais importante, planejamento. Se o vilão é o desperdício, nosso herói é o planejamento estratégico.

    O Brasil é privilegiado, pois seu território possui um aspecto que o ajuda e o atrapalha ao mesmo tempo: a multiplicidade de vocações. Somos tanto de muitas coisas. E ainda somos continentais! Dentre os maiores desafios do planejamento está a necessidade de estabelecer prioridades, de entender os gargalos e realizar ações de curto, médio e longo prazo. Portanto, a segmentação no Brasil merece toda nossa atenção.

    A segmentação de mercado ainda possui um viés exploratório no que tange às metodologias, sendo complementares tanto as análises de senso comum (empirismo, a priori) quanto a análise de dados (a posteriori) para fornecimento de informações fidedignas para o setor.

    Para que um segmento seja útil, vários requisitos devem ser cumpridos, e os estudos precisam se basear, segundo Michel Wedel e Wagner Antonio Kamakura (1998), em critérios incontornáveis:

    •           O segmento deve ser distinto, o que significa que os membros de um segmento devem ser os mais semelhantes possíveis; e o mais diferente possível de outros segmentos.

    •           O segmento deve corresponder aos pontos fortes do destino turístico.

    •           O segmento deve ser identificável. Algumas características do segmento precisam estar tão vinculadas que possam ser, inclusive, caracterizados como estereótipo. Embora viajantes do sexo feminino possam ser identificados com muita facilidade, a identificação dos visitantes motivados pelo descanso e relaxamento pode não ser tão simples. Visualizar turistas alemães em determinadas estâncias balneárias na Espanha, pela forma como se vestem, pode ser um verdadeiro exercício de segmentação.

    •           O segmento deve estar acessível para permitir que o gerenciamento de destino se comunique de maneira eficaz. Por exemplo, é provável que os turistas que leiam revistas de surfe possam ser usados para anunciar o destino.

    •           Um segmento deve ser adequado em tamanho. Isso não implica necessariamente que um segmento maior seja melhor. Um destino turístico pode optar por segmentar um pequeno nicho que representa um mercado grande o suficiente para um destino específico, e que tenha a vantagem de ter requisitos muito distintos.

    Para a utilidade dos segmentos, os critérios acima devem ser considerados quando um ou mais dos vários segmentos possíveis são escolhidos para a segmentação ativa. É relativamente determinante para o sucesso do estudo do segmento que haja uma abordagem técnica que possa nortear a coleta e tratamento de dados, e hoje em dia quem faz esse trabalho é um especialista em marketing e estatística. Não é possível imaginar o estudo de segmentação

    sem os algoritmos, regressões múltiplas e qui quadrados que interferem na compreensão dos dados. O que precisamos é criar projetos com base em estudos de segmentação, que nos orientem à tomada de decisão estratégica sem desperdícios.

    A maioria dos destinos turísticos, por exemplo, usa o país de origem como critério de segmentação. Eles perfilam turistas de diferentes países de origem e desenvolvem estratégias de marketing personalizadas para cada país. Mesmo que esse método não seja o mais sofisticado, a segmentação por país de origem oferece vantagens práticas de adotar essa abordagem: a maioria dos países de origem fala um idioma diferente que requer que mensagens personalizadas sejam desenvolvidas de qualquer maneira.

    Há muitos anos, a gigante IKEA orienta os caixas a finalizar o registro de compras com uma pergunta ao cliente: qual é o seu CEP? A pergunta é bastante simples, mas tem um peso grande para a empresa que atende uma clientela oriunda de cidades e até mesmo países vizinhos. Na cidade do Porto, em Portugal, a loja IKEA é invadida nos fins de semana por clientes da Galícia.

    A partir do CEP, a empresa é capaz de comparar a origem dos clientes, seu ticket médio, o tipo de produto que compra, quando compra e quantas vezes ao ano compra. O passo seguinte é entender esse público-alvo: onde mora, quais são as lojas disponíveis na sua praça, o que o motiva a viajar quilômetros para comprar enxoval para casa, qual é o salário médio daquela população, quantas pessoas em média por família, qual é a sua ideia de casa elegante, moderna e confortável.

    Depois, a marca consegue elaborar produtos que possam agradar àquele perfil de cliente, convidando designers daquela região ou país, realizando estudos de tendências e, por fim, determinando a melhor estratégia de comunicação para aquele público. Dentre as inúmeras possibilidades de pesquisa de mercado que a IKEA poderia ter se comprometido a fazer, perguntar o CEP do cliente, com diligência, parece ter sido a forma mais econômica, rápida e prática que encontrou. Um dia, talvez a IKEA decida diversificar sua oferta abrindo um hotel em cada loja? Não saberia dizer. Mas a verdade é que ela possui informações que contam para esse tipo de tomada de decisão.

    A segmentação de mercado não é uma questão estratégica independente. É apenas um aspecto da estratégia de um destino turístico. Essa conclusão já foi tirada por Wendell Smith (1956) quando ele introduziu a segmentação de mercado, afirmando que “o sucesso no planejamento de atividades de marketing exige a utilização precisa da diferenciação de produtos e da segmentação de mercado como componentes da estratégia de marketing”. A maioria dos estudos de segmentação publicados sobre turismo trata a segmentação como uma questão separada, não relacionando os resultados derivados da segmentação ao posicionamento do destino turístico ou à sua situação competitiva, embora seja essencial para implementação bem-sucedida.

    Somente se o destino puder realmente fornecer (posicionamento) o que o segmento está buscando, e se essa oferta for distintamente diferente (diferenciação) dos concorrentes, a segmentação de mercado será mais do que um exercício acadêmico e levará a uma vantagem competitiva de um destino turístico.

    Voltando ao Brasil, tão grande e diverso, quando falamos em trabalho de segmentação de um destino como o nosso, a segmentação por país de origem pode não surtir os efeitos desejados em longo prazo, sendo necessário trabalhar nichos de mercado. A principal razão para essa sugestão é o fato de já conhecermos as principais vocações do Brasil para o público internacional: somos um destino de praia, sol e carnaval para a grande maioria. Talvez aí não estejamos criando nenhuma vantagem competitiva, além de perder espaço para destinos de praia com uma oferta de maior valor agregado. Uma grande quantidade de estudos de segmentação de senso comum continua sendo publicada: 53% de todos os estudos de segmentação publicados nos últimos 15 anos, no principal meio de pesquisa de segmentação turística (The Journal of Travel Research), foram estudos desse gênero.

    E o nosso mercado interno? Como estamos entendendo os brasileiros que viajam dentro do País? Sabemos quantos deles se referem ao segmento de saúde, religioso, social? O Rio de Janeiro consegue afirmar em qual época do ano recebe mais goianos? Os soteropolitanos conseguem mensurar quanto o paulista gasta, em média, a mais que o carioca? Dentre os mais importantes, é o estudo da demanda interna que pode determinar aspectos afinados para contribuir para nossa capacidade de oferecer serviços a um público com o qual temos maior proximidade geográfica, cultural e linguística. Sem entender a multiplicidade do Brasil, não conseguimos desbravar todo nosso potencial.

    A questão do posicionamento de mercado nos devolve o desafio. Acredito que a sensação de erro de posicionamento já tenha feito parte da vida de qualquer consumidor. Essa é uma questão latente, pois oferecer algo que não esteja em concordância absoluta com os valores do público- alvo acarreta riscos inestimáveis para o segmento. Trazer turista para um local sem preparo de infraestrutura, capacitação e serviços de qualidade, ou em dissonância com o que o público-alvo espera, é, de fato, um risco.

    Por fim, é inevitável o questionamento sobre como posicionar um destino relativamente jovem no cenário global. A resposta é filosófica: seguindo a máxima do famoso aforismo grego “conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses”. Conhecer profundamente o destino, ou os destinos, é a chave para realizar o matchmaking perfeito. E não se trata de efetuar levantamento exaustivo de inventários de oferta turística que já nascem desatualizados! Tem a ver com identificar e valorizar nossas vocações, nossas gentes, nossas artes, ofícios, sabores e cores! Saber quem somos e o que temos para oferecer e quais são nossas fragilidades, nossos defeitos, nossas qualidades. Esse questionamento é constante e a base da nossa evolução. Essa é uma questão prática. E que hoje depende mais de tecnologia do que de um oráculo grego.

    *Luciana de Lamare Hashimoto, diretora de planejamento e projetos da Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (TurisRio).

  • Precisamos falar da inclusão das pessoas com deficiência no turismo de intercâmbio

     

    Maura Leão *

    No dia 11 de outubro, comemora-se o Dia Nacional do Deficiente Físico. Mundialmente, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu em 1992 o 3 de dezembro como a data internacional das pessoas com deficiência. São apenas 27 anos com as nações de todo o mundo debatendo ações de como incluir os deficientes físicos, mentais, visuais e auditivos em uma sociedade mais justa. Entretanto, um tema pouco discutido é o acesso à educação internacional das pessoas com deficiência.

    Se pensarmos que o intercâmbio se popularizou no Brasil a partir da década de 1970, quando as grandes empresas começaram a exigir que os seus colaboradores tivessem fluência em inglês, a inclusão das pessoas com deficiência, por parte das nações, ainda é algo recente. A chave dessa discussão está na legislação de cada país, isso porque cada local tem a sua lei trabalhista.

    No Brasil, as empresas já têm que reservar uma parte de seus postos de trabalho para as pessoas com deficiência. Ou seja, a exigência quanto ao domínio de outras línguas, além da materna, recai também sobre as pessoas nessas condições que querem realizar um intercâmbio para suprir essa necessidade, além dos cursos de idiomas oferecidos no Brasil.

    Diante deste quadro, vale lembrar que as pessoas com deficiência representam um grande mercado consumidor de intercâmbio. Vamos aos números: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 6,7% da população brasileira têm algum tipo de deficiência. Quando falamos em um número mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) esse dado salta para um bilhão de pessoas que vivem com alguma deficiência. Logo, além de erradicarmos o preconceito quando oferecemos um intercâmbio de qualidade e acessível a elas, estamos falando de mais um nicho de mercado potencial a ser explorado pelas agências.

    Havendo essa possibilidade, as agências certificadas com selo Belta têm a preocupação recorrente de checar acessibilidade, estrutura e diferenciais que cada escola e/ou universidade ligadas a elas oferecem. Como a única associação das agências de intercâmbio do Brasil, nós temos como premissa a preocupação com a qualidade de vida e a promoção dos direitos das pessoas com deficiência. Os resultados alcançados são bem maiores do que apenas o financeiro, e eles vêm como reflexo do trabalho bem feito.

    Neste ano, a Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) levantou, com seus associados e parceiros, os melhores destinos de intercâmbio para quem tem algum tipo de  deficiência. São eles: Las Vegas (Estados Unidos), Dublin (Irlanda), Nova York (Estados Unidos), Montreal (Canadá) e Barcelona (Espanha).

    Engana-se quem acha que Las Vegas é um local apenas para jogos. Além de seus encantadores cassinos, a cidade é a mais populosa e mais densamente povoada do estado de  Nevada.  Possui  museus e um zoológico acessível ao deficiente físico; estrutura nos seus hotéis para receber as pessoas nessas condições; e diversos formatos de intercâmbio para aprendizado do inglês. Há também diversões adaptadas para os deficientes visuais. Alguns caça-níqueis, por exemplo, contam com sistema de áudio para que eles possam jogar.
     
    As pessoas com deficiência representam um grande mercado consumidor. O IBGE mostra que 6,7% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. Em termos mundiais, segundo a OMS esse dado salta para um bilhão de pessoas
     
    Dublin aparece como  a  nossa segunda sugestão porque tem uma excelente estrutura para deficientes. A cidade irlandesa conta com sinalização diferenciada para pessoas com deficiência visual, e todos os meios de transportes são adaptados para cadeirantes. Além disso, há diversos tipos de intercâmbio que vão desde cursos rápidos de inglês a combinações de trabalho e estudo, porque é permitido trabalhar na Irlanda enquanto se
     
    faz intercâmbio. Por ser um país adaptado para os deficientes, é possível buscar um trabalho durante a estadia. A principal dica é pesquisar por moradias próximas aos meios de transporte e fugir das edificações antigas, que só têm escadas como meios de acesso.

    A fantástica e movimentada Nova York é mesmo feita para os deficientes. Por mais que seja uma megametrópole, a cidade tem um sistema de metrô totalmente adaptado para deficientes físicos e visuais. São 110 estações com mapas táteis e em braile disponíveis, elevadores e portões acessíveis.

    Além do transporte, tem atrações para todos os gostos: os shows da Broadway são interpretados na língua de sinais, além de muitas vezes terem legendas disponíveis para atender os deficientes auditivos; e também é possível assistir às partidas de seu time favorito de qualquer esporte, uma vez que todos os estádios são acessíveis e contam com banheiros adaptados. Para o intercâmbio, Nova York faz parte do segundo país mais procurado, porque os Estados Unidos têm excelência nos seus centros de estudos e, claro, respiram atrações que vimos em tantos filmes e séries ao longo da vida.

    Montreal traz para as pessoas com deficiência a possibilidade de aprender dois idiomas, francês e inglês, e conseguir chegar às escolas de idiomas com tranquilidade. A cidade oferece essa inclusão aos deficientes físicos. Com sete estações de metrô desenvolvidas com acessibilidade, é possível chegar aos seus parques abertos e em outros locais culturais. O Canadá ocupa o primeiro lugar dos destinos escolhidos pelos brasileiros para fazer intercâmbio, de acordo com a pesquisa Selo Belta: foram 24,4% dos intercambistas brasileiros em 2018, e há seis anos consecutivos o país é o mais procurado por quem sai do Brasil para estudar fora.

    Nossa quinta sugestão, Barcelona traz o espanhol para as pessoas com deficiência. O idioma é o segundo mais procurado, segundo a pesquisa da Belta, e a Espanha ocupa o sexto lugar dos destinos mais buscados por intercambistas brasileiros. E não é à toa. Além de acolhedor, o país conta com várias cidades que têm acessibilidade nos seus serviços. Barcelona é uma delas. É adaptada para os deficientes físicos nas suas praças, museus e restaurantes, e ainda conta com museus com obras táteis, como o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, que tem peças com audiodescrição, possibilitando escutar as descrições das obras, e táteis, para que os deficientes visuais possam senti-las.

    Se você tem alguma deficiência ou conhece alguém que tenha, acesse o site da Belta! A Associação só concede o selo de excelência às agências idôneas, especialistas em educação internacional e que comprovam periodicamente a sua saúde financeira. Podemos indicar a melhor agência para você.
    http://www.belta.org.br
     

    *Maura Leão, presidente da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) 

  • Blogs e influenciadores digitais no turismo: mercado em transformação

     

    Fernanda Castello Branco *

    Mais do que despertar o interesse por um destino, os influenciadores digitais fornecem informações que impactam o planejamento de viagem, as decisões de compra e o comportamento de consumo. Para melhor aproveitar as oportunidades de marketing nesse contexto, as relações  entre marcas e influenciadores têm que ser orientadas pelo profissionalismo.

    Os brasileiros realizaram, no último ano, mais de um bilhão de pesquisas relacionadas a viagens no Google. O volume de pesquisas tem aumentado, movido principalmente pelas buscas por informação, que crescem cinco vezes mais que as buscas por intenção de compra, segundo dados apresentados pela Google na World Travel Market (WTM) 2019.

    Apesar do aumento no volume de pesquisas, o percentual da população que é viajante (35%) e o percentual de viajantes aéreos (13%) têm se mantido estável nos últimos três anos – ou seja, temos as mesmas pessoas viajando, um público cada vez mais experiente e exigente no processo de compra da categoria de viagem.

    Diante desse tipo de demanda, grande parte das pesquisas não é atendida por empresas ou e-commerces, mas por sites e plataformas de conteúdo, como blogs e vídeos. Os canais on-line são hoje a principal fonte de informação para 86% dos viajantes brasileiros, e os inf luenciadores digitais assumem um papel relevante nesse contexto.

    Mais do que despertar o interesse por um destino, os influenciadores digitais fornecem informações que impactam o planejamento de viagem, as decisões de compra e o comportamento de consumo.
     
    O fenômeno do influencer marketing tem uma explicação simples: as marcas querem estar onde o público está. E os viajantes brasileiros estão on-line.
    Desde o Orkut, o Brasil se consolida entre os países que mais usam as redes sociais, sempre no topo do ranking das maiores plataformas. Somos a segunda maior população do mundo no Instagram e no YouTube, e a terceira maior no Facebook e no Twitter. Nós passamos quase nove horas on-line todos os dias, 25% mais tempo conectados que os americanos. Quando todo o nosso comportamento social, de negócios e de entretenimento está on-line, as nossas escolhas de viagem inevitavelmente também passarão por aí.

    Nossos hábitos na internet nos fizeram também pioneiros: em 2012, já havia sido criada a Associação Brasileira de Blogs de Viagem (ABBV), primeira entidade de classe da categoria, estabelecida antes mesmo da Professional Travel Blogs Association (PTBA), baseada nos Estados Unidos. Isso mostra como o mercado de criadores de conteúdo de turismo se estrutura profissionalmente há bastante tempo no Brasil.

    Ainda que o interesse em ações de marketing com influenciadores digitais tenha tido um “boom” na virada de 2017, o cenário já vem se desenhando há mais de uma década e não dá sinais de ser uma febre passageira. Pelo contrário: vem seguindo um processo de amadurecimento cada vez mais acelerado e bastante articulado, com coletivos e associações; softwares especificamente desenvolvidos para a gestão de campanhas; e agências e eventos que estimulam o estabelecimento de boas práticas.

    Quando observamos que no YouTube ou no Spotify, por exemplo, o fim da publicidade é o principal argumento de venda para conquistar assinantes, percebemos que a oferta de conteúdo é o caminho para a atenção das pessoas. Embora a publicidade tradicional ainda tenha um peso inegável, mesmo quem não usa ad blockers na internet já se habituou a ignorar os espaços publicitários – efeito que ficou conhecido como banner blindness, ou cegueira de faixa, quando se ignora propagandas, anúncios ou qualquer outro elemento visual comercial.
     
     Em vez de interromper o consumo de conteúdo para exibir campanhas, as marcas que trabalham em parceria com influenciadores possibilitam a produção de conteúdo informativo ou de entretenimento, capaz de despertar o interesse genuíno de seu público-alvo e
    motivar diálogos relevantes dentro de uma comunidade on-line.

    Mais que uma mídia de distribuição (publicação de um post em si), o marketing com influenciadores é sobre produção criativa e transferência de capital social. E este entendimento é fundamental para deixar para trás alguns conceitos equivocados sobre influenciadores, agora que o mercado está encontrando formas mais interessantes, eficientes e éticas de atuar.

    O amadurecimento, tanto dos profissionais de marketing quanto dos próprios influenciadores digitais, tem tornado mais claro que o grande valor das colaborações entre marcas e criadores de conteúdo está na construção da conexão genuína com o público. Não se trata do número de seguidores, como se fazia acreditar cinco anos atrás, mas do potencial de fazer circular uma mensagem e pautar conversas dentro de uma comunidade.
    Os influenciadores digitais fazem curadoria, geram diálogo e oferecem conteúdo relevante em um ambiente on-line onde o consumo de informação é totalmente não linear e há um alto nível de ruído. E isso só é possível para aqueles que investiram tempo, esforço e recursos para construir uma relação autêntica e de confiança com o público.

    Segundo estimativas da Google, 38% dos viajantes começam seu planejamento de viagens pesquisando no YouTube, e 53%, pesquisando no buscador. Em 2018, as visualizações de vídeo sobre viagem no YouTube cresceram 354%. Estar presente neste tipo de conteúdo e fazer cocriação com influenciadores digitais pode contribuir para a marca entrar no radar dos consumidores logo no início de suas decisões de compra.

    Trabalhar com influenciadores também é interessante para que a marca possa contar com conteúdo nativo e original em cada plataforma, entrando de forma autêntica na conversa que acontece ali. Isso é um ponto-chave para a otimização dos esforços de marketing, porque pode ser muito custoso para as empresas manter presença em tantas redes sociais, quando cada uma exige uma linguagem específica e tem um comportamento de público específico.

    Espera-se hoje que o influenciador esteja sempre disponível para interações; crie conteúdos cada vez melhores com recursos cada vez mais sofisticados; assuma um compromisso com as mensagens transmitidas e os valores sociais; aborde as marcas parceiras com total propriedade; e ainda traga resultados de marketing. Esse grau de aprofundamento só será possível quando todos os lados do mercado entenderem que essas questões são responsabilidades compartilhadas, e que é imprescindível conduzir negociações justas e pautadas pelo profissionalismo.

    Diante do público, o que aparece é entretenimento e informação. Entre as empresas e os influenciadores, o que está na mesa é a elaboração de uma estratégia de conteúdo que possa ter impacto na percepção da marca, nas decisões de compra e no comportamento do consumidor. Esse processo tem que ser conduzido de forma correta, com contrapartidas condizentes com a dedicação necessária para que o trabalho seja bem feito.

    Nas mídias digitais, assim como no Turismo, quem está a passeio é o público. Nós estamos a trabalho. A criação de conteúdos autênticos, com transparência e relevância, é do interesse de todo o mercado.

    *Fernanda Castello Branco, diretora de comunicação da Associação Brasileira de Blogs de Viagem (ABBV) e autora do blog Vontade de Viajar.

  • Turismo esportivo e seu papel no desenvolvimento econômico e social

     

    Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro *

    O turismo esportivo é uma realidade em algumas partes do mundo, e países como Austrália e Nova Zelândia estão entre os que têm aproveitado as suas condições geográficas e climáticas – aliados  a uma extensa cadeia produtiva de profissionais habilitados – para oferecer condições de receber os que estão dispostos a unir sua viagem à prática esportiva, seja ela de aventura, lazer ou de competição, como, por exemplo, uma prova de corrida de rua.

    Assim, se a corrida de rua fosse um item agrícola, dela tudo poderia ser aproveitado. Como um bem para saúde, é fundamental em relação aos seus benefícios quando praticada de forma moderada, em curtas e longas distâncias, para iniciantes e veteranos. Mas se correr é um ato fisiologicamente positivo e socialmente aceito, dela, do ponto de vista econômico, ainda se sabe muito pouco no Brasil. E é difícil valorizar o que pouco se conhece.

    Pesquisa publicada pelo site runrepeat.com na semana da Maratona do Rio 2019 –que contou com mais de 40 mil inscritos nesta edição – demonstrou que a corrida vem ganhando cada vez mais novos adeptos no País, sobretudo com maior presença feminina, além da presença de uma faixa etária mais madura, entre os 40 a 50 anos de idade. Faixa etária que costuma estar identificada com a ascensão profissional e pessoal, na qual a corrida normalmente ganha outros sentidos, tais como autorrealização, superação e organização mental. E há um dado da pesquisa que chama atenção e nos interessa: temos cada vez mais gente correndo em provas de corridas de rua fora de seus países de origem. Ou seja, o ato de viajar para correr está cada vez mais popular, tanto em competições de longas distâncias, como as da maratona (42 km) e meia maratona (21 km), quanto em corridas mais curtas, como as de 10 km e 5 km.
     
    Provas bem organizadas e que passam por locais icônicos, que tenham belezas naturais durante a competição, somam-se às experiencias de antes e depois do evento, e claro que há impactos econômicos que precisam ser levados em conta. Tente visitar Nova York na primeira semana de novembro, por exemplo, e você sentirá no bolso o aumento do preço dos quartos dos hotéis, sobretudo daqueles localizados nas áreas por onde a maratona da cidade acontece. E o mesmo vale para Berlim, Londres, Tóquio e a recém- badalada Jerusalém, sem deixar de mencionar a maratona das maratonas, a da cidade de Boston.

    E até o momento  estamos  tratando das corridas de rua, mas há muitos outros eventos esportivos que atraem pessoas não apenas para praticar um esporte, mas também para assisti-lo. São esses os casos dos circuitos de tênis, da Fórmula 1 e das finais das competições das ligas europeias de futebol. E por escrever sobre futebol, ainda não temos um circuito de visitas às suas instalações – que contam suas histórias, os jogadores e as principais conquistas que atraem torcedores de diversos lugares –, tais como encontramos nos clubes argentinos Boca Juniors e River Plate, isso para ficarmos apenas na América do Sul. Apesar disso, é em terras brasileiras que é disputada a maior competição de futebol infantil do mundo, o Go Cup. Esta competição conta com mais de 300 equipes e cinco mil crianças envolvidas, em mais de 20 campos de futebol. Uma boa experiencia que acontece na cidade de Aparecida de Goiânia – GO e atrai, anualmente, mais de 70 mil pessoas em apenas uma semana durante o mês de abril. É algo que pode se espalhar por outras regiões do Brasil.

    O turismo é uma solução econômica, e em cidades como o Rio de Janeiro, uma realidade – mesmo que, claro, exista muito a fazer, e ele esteja mais concentrado em iniciativas pontuais do que referendado com números de ordem econômica capazes de subsidiar os agentes públicos. A experiência que a cidade ganhou com a realização, nesta década, dos maiores eventos esportivos do planeta – a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016 – ainda precisa ser mais bem compreendida e estudada.
     
    Do ponto de vista arquitetônico e da mobilidade urbana, foram inúmeras intervenções que permitem criar circuitos turísticos de visitação, como Barcelona vem fazendo desde que recebeu as Olímpiadas em 1992. No Rio de Janeiro, conhecer algumas áreas da cidade de bicicleta se tornou uma realidade, mas ainda são raras as iniciativas para viabilizar circuitos turísticos entre o Centro e a Zona Sul, por exemplo, mesmo que sejam inúmeros os postos de compartilhamento de bicicletas espalhadas nestas áreas.

    E, não menos importante, há também uma mão de obra qualificada que aprendeu a fazer eventos esportivos na iniciativa privada e no poder público – a partir dos eventos-teste que se sucederam desde que o Rio foi escolhido como sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007 –, e isso é capaz de ajudar na recuperação econômica, inclusive a partir de eventos e práticas esportivas de média e pequena dimensão.

    Assim, todos os dias turistas visitam as trilhas da Floresta da Tijuca (mais de 140 mil visitas nas quatro principais entradas de trilhas em 2018); surfam de stand up paddle em Copacabana; saltam para fazer voo livre em São Conrado; e visitam as Ilhas Cagarras, mas ainda não temos mais dados para saber quem são eles na questão de gênero, idade e nacionalidade, por exemplo. Há ainda a visitação guiada às Arenas Olímpicas Cariocas, ao Museu da CBF e, claro, ao Maracanã. Estas reforçam nossa identidade para uma cultura esportiva que remonta aos tempos áureos do hipismo e do remo, e que por vezes está esquecida até mesmo para os seus moradores. Como o entorno da Lagoa Rodrigo Freitas, área que apresenta um significativo cluster de clubes de tradição social e competitiva.

    Para encerrar, entre 2013 a 2016, a cidade do Rio de Janeiro chancelou 291 corridas de rua, com uma média de pelo menos uma corrida por fim de semana . E se é verdade que turismo e comércio andam juntos, há todo um mercado a eles associado, tais como o das assessorias esportivas espalhadas pelas áreas públicas da cidade, que incentivam diariamente seus alunos a correr e criar metas pessoais para continuar a se exercitar, sem contar com necessária compra de materiais esportivos para essa prática. A corrida de rua pode ajudar o Rio de Janeiro a voltar a crescer na área do desenvolvimento econômico, com reflexos na saúde coletiva, no bem-estar social e, para o que tratamos aqui, no Turismo.

    O turismo esportivo é apenas um entre os diferentes e segmentares ramos da extensa cadeia turística, tais como o turismo social, o de saúde e o de negócios, sem deixar de mencionar o turismo de eventos. Assim como de dados ainda persistem. E é possível fazer mais. Sempre é. É como se o esporte estivesse hoje passando por um momento de gentrificação, reconhecimento e valorização, com a cultura esportiva e os seus benefícios associando-se ao bem-estar e ao estilo de vida para uma população mundial que vive mais, tem menos filhos e está preocupada como o futuro do nosso planeta.

    Na próxima vez que calçar o tênis para sair às ruas e dar uma corridinha, ou quando pegar a bicicleta para uma pedalada, pense que cada vez mais pessoas ao redor do mundo estão dispostas a fazer do esporte uma boa desculpa para viajar.

    *Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro Docente do mestrado profissional em Gestão do Trabalho da Universidade Santa Úrsula (RJ); docente do curso de Condutor de Turismo Esportivo da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec).

  • Boletim Informativo Diário (BID) 028/2020

    DESTAQUES:

    Sancionada lei dispondo sobre as relações financeiras entre a União e o Banco Central do Brasil

    Divulgado o valor médio da renda mensal do total de benefícios pagos pelo INSS para o mês de abril de 2019

    Sancionada lei do Estado do Rio de Janeiro que modifica a norma dispondo sobre a proibição de cobrança por uso de banheiro instalado em shopping centers, centros comercias, galerias, supermercados e quaisquer outros estabelecimentos coletivos voltados para o comércio de modo geral

    DESTAQUES:
    •    Estabelece procedimentos para o preenchimento da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) referente a trabalhadores cuja modalidade de contratação segue o modelo do Contrato de Trabalho Verde e Amarelo.
    •    Convocação do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil para a Assembleia Geral Ordinária a ser realizada no dia 19 de março de 2019.

  • Por que precisamos de guias de turismo profissionais e de uma federação mundial de guias de turismo?

     

    Mary Kemp Clarke*

    Maricar Donato*

    São perguntas básicas que nós, como membros da World Federation of Tourist Guide Associations (WFTGA), a Federação Mundial das Associações de Guias de Turismo, explicamos e debatemos por meio de reuniões, conferências, treinamentos e oficinas em todo o mundo – desde maio de 2019 também no Rio de Janeiro, numa iniciativa da Maricar Donato.

    Reunir associações de guias de turismo e guias individuais de mais de cem países – com diferentes regulamentações, dados demográficos do turismo, produtos turísticos e tradições culturais e turísticas – pareceria uma tarefa inviável para qualquer organização não governamental, não política e administrada por voluntários. Mas é exatamente isso que a WFTGA alcançou com sucesso em quase 35 anos de existência. Desde o começo, reunindo 250 guias em 1985, a Federação se reúne a cada dois anos para realizar uma assembleia geral de delegados de todo o mundo, realizada simultaneamente com uma convenção aberta a todos os guias profissionais. A assembleia elege os funcionários da WFTGA pelos próximos dois anos e decide o local da próxima reunião, e a convenção oferece workshops, palestras, mesas redondas e discussões sobre assuntos relevantes para os guias.

    Por meio de discussões e debates, a WFTGA percebeu que, para serem mais fortes, nossos guias profissionais, que geralmente trabalham de forma independente, poderiam falar com uma voz mais alta caso se unissem. Entendemos que, apesar das diferenças óbvias, todos nós temos problemas semelhantes a resolver em nossa profissão, e desafios semelhantes a enfrentar em relação ao nosso papel na indústria do Turismo em geral.

    Da sustentabilidade à acessibilidade; da comunicação efetiva à interpretação divertida; do pagamento de taxas justas à representação responsável de nossas regiões; do rosto amigável e confortável de nossos países à entrega de itinerários e experiências inovadoras e, também, à oferta de programas pessoais para a realização de grandes eventos a tempo e de acordo com os contratos acordados.

    Devemos insistir que todos os membros da WFTGA busquem o status de licenciado? O licenciamento é implementado de maneira diferente em todo o mundo, com a qualidade e a substância dos requisitos variando enormemente, dificultando a comparação entre iguais. Além disso, nos últimos anos, houve um movimento em alguns países para afastar as licenças e promover a desregulamentação de nossa profissão. A Federação contribuiu para as discussões que resultaram na primeira definição amplamente aceita de um guia de turismo. Trabalhando com o Comitê Europeu de Normatização (CEN), a WFTGA adotou em 2003 essa definição como um padrão internacional, a ISO/CEN 13809. Isso diferenciou expressamente o papel de um gerente de turismo ou líder de turismo do que é ser um guia de turismo profissional, sendo crucial nessa definição o requisito de uma qualificação credenciada (em vez de licença).

    A definição de um guia de turismo que a WFTGA incentiva todos os profissionais a adotar contém o seguinte: o guia de turismo é uma pessoa que guia os visitantes no idioma de sua escolha e interpreta   o patrimônio cultural e natural de uma área, e que normalmente possui qualificação específica em uma área geralmente emitida e/ou reconhecida pela autoridade apropriada. Observe que, como um nível adicional de profissionalismo, a definição afirma que a qualificação deve ser específica da área, o que significa que nenhum guia profissional pode honestamente afirmar ser um especialista em qualquer lugar e em todos os lugares.
    Nos últimos anos, a WFTGA lançou os primeiros programas internacionais de treinamento para guias, estruturados em pequenos workshops e cursos, concentrando-se apenas nas habilidades de orientação e no papel do guia no turismo. Essas oficinas são os ingredientes básicos de cursos de guia de turismo maiores e totalmente desenvolvidos que a Federação incentiva associações, ministérios, ONGs,
     
    governos e institutos a oferecer ao máximo, permitindo assim uma qualificação de guia que atenda à norma CEN 15565, adotada em 2008. A WFTGA atua em consultorias e também pode credenciar os cursos completos, mas não os ministra porque, de acordo com a definição, é fundamental para bons padrões profissionais a especificidade da área em temas relacionados à cultura, ao patrimônio e a assuntos comuns e específicos.

    Você já comparou a palestra de um especialista com poucas habilidades de comunicação com a de um intérprete que apresenta um assunto difícil de maneira visual e concisa? O que pode ser mais eficaz e satisfatório para o público? Um bom guia profissional é mais do que um especialista em um assunto, é mais do que um organizador, é mais do que um gerente de tempo, é mais do que um contador de histórias e mais do que um diplomata. A WFTGA incentiva o treinamento completo para alcançar uma combinação que faz boa e memorável diferença na vida do visitante. O ensino simultâneo do conhecimento básico (regional, local e geral) com habilidades de orientação profissional é essencial em todos os cursos de treinamento de guias. Pedimos que as habilidades profissionais sejam ensinadas por guias ativos e qualificados. Recomendamos um mínimo de 600 horas para um curso de treinamento completo, com uma proporção de 60% de teoria para 40% de treinamento prático – muitos países excedem essas horas mínimas, muitos não, e alguns fazem todo o treinamento do guia em sala de aula em vez de no mundo real. Para uma qualificação completa do guia, a competência em rotas flexíveis em uma caminhada, em um local e em um veículo em movimento é essencial. Há compreensão das habilidades linguísticas e vocais, habilidades de orientação, planejamento de comentários, dinâmica de grupo, negócios e conhecimento regional e nacional, portanto, um guia profissional não precisa ser um acadêmico.

    Ao longo dos anos, vimos mudanças no Turismo e no que é exigido de um guia profissional. A WFTGA tenta resolver essas alterações. Nos últimos anos, desenvolvemos workshops para os guias de navios de cruzeiro, fizemos uma parceria com a Organização Mundial de Turismo (OMT) no projeto Silk Road, realizamos workshops em convenções para abordar novas tecnologias e como o guia pode usá-las melhor. Trabalhamos em estreita colaboração com várias organizações parceiras, incluindo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
     
    Em 1990, lançamos  o  Dia  Internacional  do  Guia  de  Turismo  da WFTGA, adotado agora por muitas associações para mostrar as habilidades dos guias profissionais. Em 21 de fevereiro de cada ano, incentivamos e publicamos o trabalho de guias em suas comunidades locais, geralmente com temas que espelham o principal tema anual da OMT com uma inclinação específica em relação aos guias.
    Estamos constantemente promovendo o aspecto da profissão, não apenas em nossas convenções e treinamentos, mas também participando de feiras e conferências de parceiros. Nesses encontros, aprimoramos o papel de um guia profissional na indústria do Turismo. Ocasionalmente, realizamos promoções ou produzimos comunicados para as partes interessadas do setor.

    Guias de turismo são a “face” de nossa indústria. Muitas vezes, o guia é o único local que um visitante conhece adequadamente e com quem desenvolve uma amizade. Um guia pode fazer ou interromper uma visita a uma região, uma cidade, um país. No entanto, a indústria do Turismo corretamente se concentra intensamente nas classificações de estrelas de locais, acomodações, transportes e estabelecimentos de comida, mas deixa como reflexão tardia a mensagem real que é entregue sobre um local e o seu mensageiro. Isso não é bom o suficiente para destino algum. Não é bom para o crescimento sustentável. Não é bom para o visitante. A WFTGA incentiva que todos os seus membros aceitem o código de prática orientadora como garantia de profissionalismo de alto nível. Por sua vez, pedimos às partes interessadas que reconheçam os benefícios da adesão ao código ao usar um guia.

    Pedimos aos membros da WFTGA que atuem profissionalmente no cuidado e no comprometimento, e que sejam livres de preconceitos. Pedimos que eles garantam que, tanto quanto possível, o que é apresentado como fato seja verdadeiro, e que seja feita uma distinção clara entre essa verdade e histórias, lendas, tradições ou opiniões. Pedimos que eles ajam de maneira justa e razoável em todas as relações com todos aqueles que contratam os serviços de guias e, também, com colegas que trabalham em todos os aspectos do Turismo. Pedimos que todos protejam a reputação do turismo em nosso País, envidando todos os esforços para garantir que grupos guiados tratem com respeito o meio ambiente, a vida selvagem, os locais e monumentos e os costumes e sensibilidades locais. Pedimos que, como representantes do país anfitrião, recebamos os visitantes e ajamos de maneira a trazer crédito ao Brasil e promovê-lo como destino turístico. Principalmente, lembramos aos nossos membros que os guias sempre têm o dever de cuidar de seus visitantes, porque são embaixadores de seu país ou região.

    Não temos estatísticas oficiais de quantas pessoas trabalham como guias ao redor do mundo. Mesmo onde o registro existe, sempre existem guias não autorizados. Onde os guias qualificados e credenciados são muito bem-sucedidos, eles trabalham dentro de uma estrutura não registrada. Em alguns lugares, recebem honorários justos por seu profissionalismo, enquanto em outros os agentes dizem aos guias que gorjetas são tudo o que receberão por seu conhecimento, cuidado e orientação. A WFTGA só pode incentivar pequenos passos para levar todos os guias profissionais a um nível de competência acordado e esperado. Ao reunir guias sob este Fórum, é mais fácil conseguir isso. Com esse objetivo, incentivamos os guias a formar associações em suas localidades e em nível nacional. Por meio de associações profissionais, podem ser abordados assuntos relacionados a treinamento, seguro, suporte e orientação e desenvolvimento profissional contínuos.
    Nosso logotipo simboliza as mãos da amizade e a orientação espalhadas pelo mundo. Estamos ansiosos para aumentar nossas amizades e encorajamos você a entrar em contato conosco se tiver alguma dúvida sobre a WFTGA.

    *Mary Kemp Clarke ,guia de turismo Blue Badge e vice-presidente da World Federation of Tourist Guide Associations (WFTGA).

    *Maricar Donato, treinadora internacional e embaixadora e coordenadora de representantes de área para a World Federation of Tourist Guide Associations (WFTGA).

  • O potencial turístico do Brasil e o exemplo de Foz do Iguaçu

     

    Vermelho (Nelsi Coguetto Maria)*

    O Brasil tem um grande potencial turístico que precisa ser mais bem aproveitado. Os investimentos e as ações sempre foram acanhados, mas isso está mudando a partir do governo Jair Bolsonaro, com  as iniciativas do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

    Se bem aproveitado, o turismo no País poderá impulsionar a economia, fomentar os negócios e gerar grande número de empregos. Em 2017, o Turismo injetou US$ 163 bilhões na economia nacional e gerou 6,9 milhões de empregos. Com as novas medidas que estão sendo implantadas, o número de empregos poderá saltar para nove milhões.

    Entre essas novas medidas, cito a isenção do visto para turistas de Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão que visitam nosso País; a abertura das empresas ao capital estrangeiro; a criação de áreas especiais de interesse turístico; os voos de baixo custo (low cost), que já começam a operar; a aprovação das alterações na Lei nº 11.771/08, a Lei Geral do Turismo, modernizando a legislação; e a liberação de cassinos, o que poderá gerar milhares de empregos e divisas ao Brasil.

    Outra medida importante foi o lançamento do programa Investe Turismo, lançado em Foz do Iguaçu por Álvaro Antônio. O objetivo  é unir o setor público e a iniciativa privada para preparar e promover a competitividade em 30 rotas nacionais, por meio de um pacote de ações, investimentos, incentivos a novos negócios, acesso ao crédito, ações de marketing, inovação e melhoria de serviços.

    O Brasil, com suas proporções continentais, tem muito a oferecer aos turistas que nos visitam: praias maravilhosas nos litorais do Sul, Sudoeste e Nordeste; as Cataratas do Iguaçu; cidades históricas; maravilhosos parques nacionais como os do Iguaçu, da Tijuca e a Chapada Diamantina; a deliciosa gastronomia; a cultura; o rico folclore…

    Agora quero falar sobre a minha querida Foz do Iguaçu, onde moramos e temos os nossos negócios. Promovemos em 2019 alguns eventos, como o Encontro de Líderes de Turismo, o lançamento do Investe Turismo e o Festival das Cataratas, e em todos eles o ministro do Turismo citou a cidade como um exemplo para o País.

    Foz do Iguaçu é o portal de entrada do Brasil e precisa de mais investimentos para alavancar o turismo. Por meio de uma parceria com Itaipu, Governo do Estado do Paraná e União, conseguimos viabilizar uma série de obras estruturantes, como a segunda ponte com

    o Paraguai; a Perimetral Leste; um grande viaduto na entrada da cidade; e a ampliação e modernização do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu – Cataratas (IGU). Precisamos duplicar a Rodovia das Cataratas, cujo projeto, bancado pelo Fundo Iguaçu, está no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e o governo estadual está viabilizando os recursos. Precisamos, também, de outras obras importantes para dinamizar e agilizar o trânsito na tríplice fronteira.

    Graças à Itaipu e à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), está definida a ampliação da pista de pouso e decolagem do nosso aeroporto, numa ação com previsão de investimento de mais R$ 70 milhões. Com a ampliação, iremos melhorar a capacidade operacional de aeronaves, o atendimento à demanda local e comportar voos diretos para Europa e Estados Unidos. Em breve, o nosso aeroporto será um hub do Cone Sul, dos países andinos e uma porta das companhias aéreas de baixo custo.

    Como Foz do Iguaçu chegou a uma situação invejável, de exemplo para o Brasil? Foi a partir da gestão integrada do Turismo. Antes, cada um pensava no próprio umbigo, remando para lados opostos. Hoje, todos navegam na mesma direção.

    Idealizada em 2009 pelo ex-superintendente de Comunicação da Itaipu e atual secretário de Turismo, Gilmar Piolla, a Gestão Integrada do Turismo de Foz do Iguaçu visa ao desenvolvimento de ações conjuntas, estratégicas e prioritárias, voltadas  para  planejamento  estratégico do turismo; divulgação e promoção do Destino Iguaçu; captação de eventos; e atração de investimentos públicos e privados.

    Os resultados foram impressionantes: em 2009, as Cataratas do Iguaçu receberam pouco mais de um milhão de turistas (1.070.072). Esse número foi crescendo ano após ano, e em 2018 chegamos a quase dois milhões visitantes (1.895.508), e em 2019 deveremos ter novamente números grandiosos.

    A Itaipu Binacional sempre foi uma parceira incondicional das ações voltadas ao turismo. Neste ano, essa locomotiva ganhou mais energia com a posse do general Joaquim Silva e Luna como diretor-geral da empresa. Desde que assumiu o cargo, Silva e Luna adotou uma política de austeridade que mudou a gestão da usina e passou a ser exemplo de boa administração no setor público. Os gastos desnecessários foram cortados, e os recursos agora estão sendo investidos em obras estruturantes, como a segunda ponte com o Paraguai, a Perimetral Leste e as melhorias no aeroporto.

    Hoje, com apoio dos governos estadual e federal e da Itaipu Binacional, os investimentos públicos e privados somam mais de R$ 2 bilhões em obras de infraestrutura, ampliação dos atrativos turísticos e da rede hoteleira, abertura de lojas francas, novas indústrias e novos negócios.

    Com o poder público fazendo a sua parte, investindo em obras estruturantes e no marketing, a iniciativa privada se animou e também passou a investir. A hotelaria deve ofertar cerca de 3 mil novos apartamentos, ampliando o número de leitos para 40 mil.

    Ainda em 2019, foi prevista a conclusão do segundo empreendimento do Recanto Park Hotel, e as obras do terceiro hotel do Grupo Viale também estão em andamento. O Aquan Prime Resort, primeiro hotel no modelo multipropriedade, foi lançado recentemente. Com um investimento na escala de R$ 100 milhões no Aqua Prime Resort, a Prime Vacation entra no grupo de empresários que estão confiantes no potencial da cidade.

    Isso sem contar a rede de hotéis Hard Rock, que anunciou a construção de um complexo turístico localizado na Rodovia das Cataratas, com 564 suítes. A área já foi adquirida, e a inauguração está prevista para 2025. Serão investidos R$ 180 milhões.

    Outros hotéis, como Wish Resort, Mabu Thermas Grand Resort e Cataratas Park, confirmaram reformas e ampliações até o próximo ano. O Grupo Cataratas prepara a revitalização do Espaço das Américas, próximo ao Marco das Três Fronteiras. A segunda fase do Blue Park, do Grupo Mabu, estará concluída até o segundo semestre. Outros empreendimentos que serão inaugurados: Museu da Harley Davidson, do Grupo Dreamland, que já oferece três atrações (Museu de Cera, Vale dos Dinossauros e Bar de Gelo); e Museu do Automóvel.

    Bem-vindos a Foz do Iguaçu. A Terra das Cataratas lhe espera de braços abertos.

    *Nelsi Coguetto Maria, deputado federal (PSD-PR), membro das comissões de Turismo, Agricultura e Viação e Transportes e presidente da Subcomissão de Turismo de Natureza.

  • Turismo, a industria que não polui

     

    Magda Mofatto*

    O Turismo no Brasil segue crescendo. É o que aponta a pesquisa semestral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sinalizando um aumento de 4,4%, superior ao crescimento do PIB em geral e das atividades da indústria e do comércio. Sempre digo que o Turismo é a indústria limpa do século XXI. É ela que gera empregos, divisas e receitas e não polui o meio ambiente. Aliás, também faz questão de realizar ações para preservá-lo.

    Esse aumento foi impulsionado, principalmente, pela maior receita de hotéis, restaurantes e locadoras de automóveis. Regionalmente, oito dos 12 estados pesquisados acompanharam o crescimento no mesmo período, com destaque para o Espírito Santo, que apresentou variação positiva de 9,6%, seguido de Rio de Janeiro (8,8%), Bahia (5,8%), Minas Gerais (5,6%), São Paulo (5,3%), Pernambuco (4,1%), Ceará (2,1%) e do meu Estado de Goiás, que vem em crescente acumulada de 0,7%.

    Entre janeiro e julho de 2019, a taxa nacional mostrou crescimento de 3,2%, frente ao mesmo período do ano passado, E oito estados registraram aumento: Ceará (8,5%), São Paulo (7,1%), Pernambuco (3,1%) ficaram com  o  pódio,  e o Turismo de Goiás marcou um percentual de 2,3% de acréscimo, seguido por Bahia (2,2%), Espírito Santo (1,9%), Minas Gerais (1,7%) e Rio de Janeiro (0,8%).  O  que se vê claramente é que os índices acompanham um aumento crescente ao longo dos últimos meses, mostrando que o turismo nacional passou incólume sobre a longa crise financeira que assola o País.

    Para continuar nas estatísticas do IBGE, julho marcou aumento 2,6% em relação ao mesmo mês de 2018. No mês das férias escolares, esse crescimento foi ainda maior, na casa dos 4,4%, se comparado com o ano passado.

    Assim como eu fiz no Plenário da Câmara dos Deputados e também nas redes sociais, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, comemorou os números positivos divulgados pelo IBGE. Ele, que é um player fundamental do setor, reafirmou a relevância do setor para alavancar a economia brasileira. “Os dados mostram que o nosso trabalho está surtindo efeito. Estamos no caminho certo, levando o País para um desenvolvimento econômico sustentável, sempre com o objetivo de potencializar o turismo e gerar renda e emprego para a população”, comentou o ministro.

    Assino embaixo do que disse Álvaro Antônio, mas acrescento que esse trabalho, no caso especificamente de Goiás, começou há tempos, com iniciativas pioneiras e revolucionárias. Uma delas é o levantamento de dados para a elaboração do Inventário da Oferta Turística e do Censo Hoteleiro. Não é possível elaborar nenhuma política pública eficaz sem diagnóstico prévio e extremamente técnico.

    Por isso, eles foram iniciados e aprofundados na gestão do então secretário de Turismo do Estado de Goiás, Leandro Garcia. Ele, que chegou a ser presidente do Fórum Nacional de Turismo, começou o projeto que baliza e fornece dados para a execução do turismo em Goiás. Isso permitiu a ampliação do Mapa do Turismo dos Municípios Goianos, com os seguintes moldes: em comparação a 2018, o Estado de Goiás inseriu 34 municípios no mapa, passando de 49 para 83 cidades com vocação turística. Elas são distribuídas em dez regiões, classificadas por suas características geológicas, midiáticas, culturais e gastronômicas.

    O modelo de Goiás foi inserido ao padrão nacional, muito bem coordenado pelo Ministério do Turismo (MTur). Em todo o País, foram listados 3.285 municípios em 328 regiões turísticas, um crescimento exponencial em relação ao mapa de 2016, quando foram registradas 2.175 cidades em 291 regiões.

    Vê-se que, com técnica, capacitação e trabalho de campo, o turismo brasileiro vem crescendo devido à iniciativa privada, mola propulsora do segmento, mas também com apoio das entidades públicas e administrativas do setor.

    Creio piamente que o grande salto registrado nas estatísticas oficiais do governo federal é resultado de um amplo trabalho de conscientização do MTur junto aos gestores municipais e estaduais. Elas focam sempre na necessidade de identificação e classificação das cidades. É uma forma de garantir que as políticas públicas e investimentos governamentais sejam mais adequados à realidade de cada região goiana.

    Analisando especificamente o mapa, vejo que ele é um instrumento muito importante para gestão, estruturação e promoção dos destinos. Por isso, é fundamental que esteja sempre atualizado, garantindo eficiência nos municípios que queiram trabalhar o turismo como uma atividade econômica.

    A atualização periódica do mapa faz parte de uma estratégia do Plano Brasil + Turismo,  lançado para fortalecer o setor de viagens  no País. De acordo com o Plano, essa iniciativa começou em 2019 e prevê a atualização do mapa a cada dois anos. Sua construção é feita em conjunto com os interlocutores estaduais, que representam o MTur, e órgãos oficiais de Turismo dos estados brasileiros e instâncias de governança regional.

    Em Goiás, onde participei ativamente da categorização dos municípios goianos, 33 novos foram selecionados e remetidos às categorias A, B e C. Os critérios têm como objetivo definir e delimitar o fluxo de turistas domésticos e internacionais; e, principalmente, a forma como se apresentam em infraestrutura, logística, estradas, aeroportos (quando há) e restaurantes para receber os visitantes.

    Temos destinos como Goiânia, a capital do estado, focada no turismo de negócios, feiras e eventos corporativos. Há também Trindade, município da zona metropolitana de Goiânia, nacionalmente famosa pela Basílica do Divino Pai Eterno, berço goiano do turismo religioso.

    Em Caldas Novas, cidade onde sou radicada e da qual sou ex-vereadora, ex-prefeita, deputada estadual e três vezes deputada federal, temos a vocação da água termal. Ao lado de Rio Quente, Caldas Novas tem a maior vazante mundial de águas que brotam da terra com temperatura média de 35 a 50 graus. Essas e outras características logísticas fazem do município o terceiro mais visitado do País, junto com Gramado – RS e Campos do Jordão – SP, além das cidades litorâneas.

    Complementa-se na classificação prioritária, A, B e C, os municípios de Alto Paraíso de Goiás, famoso por suas supostas aparições sobrenaturais de OVNIs; a cidade de Aruanã, com praias cristalinas às margens do Rio Araguaia; e ainda as cidades históricas de Abadiânia, Formosa, Goiás e Pirenópolis, com casario, ruas e praças preservadas desde a colonização dos bandeirantes, com profunda influência da arquitetura portuguesa.

    Os outros 50 municípios goianos figuram nas categorias D e E. Esses destinos não possuem fluxo turístico nacional e internacional expressivo, mas possuem papel importante no fluxo turístico regional e precisam de apoio para a geração e formalização de empregos e estabelecimentos de hospedagem.

    Portanto, como se vê, Goiás tem estruturado um plano de atuação e coordenação das atividades turísticas em médio e longo prazo. Com suporte do Ministério do Turismo,  que tem um papel de destaque   no governo do presidente Jair Bolsonaro, o turismo nacional vem colaborando com a retomada do crescimento do País. Tudo sem destruir e atuando para a preservação do meio ambiente.

    *Magda Mofatto empresária do setor de turismo e deputada federal (PL-GO)

  • Fecomércio-PE lança a campanha da CNC sobre contribuição assistencial

    18/02/2020

    A Fecomércio-PE lançou, em Pernambuco, a campanha da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre a contribuição assistencial para seus 20 sindicatos filiados, reforçando a importância da contribuição assistencial das empresas para os sindicatos e mostrando a relevância do trabalho dos sindicatos na defesa das categorias econômicas.

    O presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac-PE, Bernardo Peixoto, incentivou as entidades do Sistema Comércio no Estado a aderirem à iniciativa. “O objetivo da CNC é apoiar as ações das Federações do Comércio de todo o Brasil e de seus sindicatos, com o intuito de incentivar os empresários a contribuir. Juntos, somos mais fortes, e essa união é imprescindível para o sucesso da campanha. Conto com o apoio de todos”, afirmou Bernardo.

    A assessora de Comunicação e Marketing da Fecomércio-PE, Lucila Nastassia, fez uma apresentação da campanha, ao lado da assessora Jurídica Jullyane Vasconcelos, que falou sobre a previsão legal da contribuição assistencial.

    Com o slogan “Fortaleça quem fortalece a sua empresa”, a CNC pretende usar a campanha este ano por período indeterminado e, para isso, criou um site específico –– com conteúdo de apoio e orientações para os empresários, como benefícios oferecidos pelos sindicatos.

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  • Turismo no Brasil: um gigante ainda pouco explorado

     

    Leandro Domingos Teixeira Pinto*

    O Brasil é um gigantesco polo turístico, de belezas que encantam a todos, muitas delas ainda inexploradas. Se há um consenso entre especialistas e leigos quando o assunto é o turismo nacional, é que ainda temos um grande potencial a ser trabalhado. Neste setor, ainda somos o país do futuro, uma promessa não consumada.

    Acredito que é preciso partir do que nos está próximo, daquilo que mais conhecemos e admiramos, para tocar os corações do mundo. É na identidade brasileira que está a força de atração dos visitantes de todo o planeta, e acredito que estes visitantes ainda vão conhecer todos os nossos recantos e encantos.

    Nascido e criado no Acre, um estado ainda distante do imaginário de tantos turistas brasileiros e estrangeiros, aproveito a honra dessa oportunidade para apresentar algumas das riquezas da minha terra. Não farei do tema um exercício de vaidade, mas o caminho para possibilitar que todos superem o óbvio: ousar desbravar para além das nossas maravilhas já mapeadas.

    Posso garantir que, assim como o Brasil e suas estonteantes maravilhas, o Acre, um dos nossos estados fronteiriços, apresenta surpresas que farão a alegria dos viajantes. Para os estrangeiros, significamos o Brasil profundo e, longe de negar os destinos mais populares e cobiçados, podemos nos somar, em beleza e graça, a qualquer roteiro de viagem.

    Para os brasileiros, o convite é também uma convocação, um chamado: venham conhecer um pouco mais da nossa terra, das nossas raízes. “O Brazil não conhece o Brasil”, cantava a saudosa Elis Regina. Trago aqui motivos suficientes para transcender essa realidade e lotar os perfis das redes sociais de selfies em lugares invejáveis.

    Para começar pelas palavras mágicas que acionam instantaneamente o imaginário planetário, o Acre é porta de entrada para a Floresta Amazônica, nosso orgulho e riqueza. Se o ecoturismo está hoje no topo da lista de escolhas de viajantes de todo o mundo, a Amazônia se destaca em qualquer roteiro de um ecoturista que se preze. Afinal, estamos falando de um dos mais importantes biomas do planeta, repleto de fauna e flora inumeráveis.

    O turismo de natureza já é responsável por quase 20% dos turistas nos destinos brasileiros. Acreditamos que este percentual tende a aumentar muito nos próximos anos, e o Acre será beneficiado, sem dúvida, pelo urgente crescimento da divulgação dos atrativos das nossas belezas criadas por Deus e preservadas pelos homens.

    É sempre bom lembrar e sublinhar: a Amazônia é a maior floresta do mundo, com a maior concentração de água doce e a maior biodiversidade do planeta.

    Nossa grande atração ecológica ocupa área de seis países, mas está 60% localizada no Brasil, onde abrange os Estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Amapá, Rondônia, Roraima e, é claro, Acre.

    Os números da Amazônia são quase tão superlativos quanto a sua beleza. Além das vastas áreas de florestas, a região é rica em campos rupestres,

     Bastante admirado pelos viajantes, o Parque Chico Mendes é uma atração que mescla cultura e ecologia, em área ambiental bem preservada e cheia de trilhas no meio da mata, além de áreas de lazer que fazem a festa das crianças

    cerrados, matas secas, igapós, manguezais, ilhas, praias fluviais de areia branca e cachoeiras. Isso sem falar na flora e na fauna, já que existem ali cerca de 30 mil espécies de plantas e milhares de espécies animais.

    Seus quase cinco milhões de metros quadrados abrigam pelo menos 1.800 espécies de pássaros, 280 de mamíferos e mais de três mil tipos de peixes, sem falar nas inúmeras variedades de árvores e plantas,

    muitas delas ainda não catalogadas. Se tudo isso parece um exagero ao leitor, faço um convite: simplesmente olhe pela janela do avião ao sobrevoar os estados do Norte, onde a força da floresta se impõe aos mais incrédulos olhos.

    O que só é possível experimentar ao entrar na floresta, porém, é a força dos sons produzidos pelos pássaros e mamíferos; e da água que, generosamente, forma um espelho para a fauna capaz de encantar os olhos dos turistas mais experimentados em desbravar os destinos mais impactantes do mundo.

    O rio que nasce como Marañon no Peru, a cerca de 5.800 metros de altitude, chega como Solimões ao Brasil, onde ganha o nome de Amazonas ao se juntar com o rio Negro nas proximidades de Manaus. São quase sete mil quilômetros de extensão, com afluentes famosos como Tapajós, Xingu, Madeira e Jarí, alguns com mais de mil quilômetros.

    O nosso Acre, porém, vai além da Amazônia, embora a floresta já fosse suficiente para justificar uma visita a essa terra tão rica quanto desconhecida. Com uma população que gira em torno de apenas 900 mil habitantes, nosso estado apresenta, por exemplo, grandes atrativos para os que apreciam a boa gastronomia, que aqui recebe influências bolivianas, peruanas, portuguesas e até mesmo libanesas, com um tempero todo próprio e que garante uma identidade peculiar às nossas guloseimas. Os peixes amazônicos, saborosíssimos, são uma atração à parte, com um paladar que se torna inesquecível para os turistas.

    Outra atração bastante admirada pelos viajantes é o Parque Chico Mendes, que mescla cultura e ecologia. É uma área ambiental bem preservada e cheia de trilhas no meio da mata, além de áreas de lazer que fazem a festa das crianças. Um mini zoológico com espécies locais é, inclusive, uma oportunidade de aprendizado para toda a família.

    Do Parque Chico Mendes é possível seguir para o Palácio Rio Branco, onde, no lugar das belezas criadas por Deus, destaca-se a riqueza das maravilhas desenhadas pelos homens. Inspirada nas construções gregas, a edificação vale como uma aula do passado, abrigando objetos que contam a história do Acre e de tribos indígenas brasileiras.

    Essas são apenas algumas das muitas atrações acreanas, que podem ser combinadas com um grande número de atividades para os amantes do turismo de aventura e com visitas não apenas a outros estados do Norte brasileiro, mas também aos países fronteiriços, formando uma experiência completa nessa região para os viajantes.

    Como observei no início deste artigo, parto do meu “quintal”, o Acre, para falar sobre o Brasil e seus potenciais turísticos, ainda tão inexplorados, mas cada vez mais reconhecidos e divulgados. Como bem diz o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, o turismo é um compromisso histórico da entidade, do Sesc e do Senac, tanto que a evolução da atividade turística no Brasil se confunde com a própria história da Confederação.

    Incentivar o turismo vai muito além de mapear e propagar nossas atratividades e riquezas. É preciso aumentar a segurança em todo o País, investir em infraestrutura, aumentar exponencialmente a divulgação do Brasil no mundo. É preciso também derrubar dogmas e preconceitos, como os que impedem a legalização dos cassinos. Nossa estimativa é que isso geraria mais de R$ 15 bilhões em receita por ano, além de 400 mil postos diretos e indiretos de trabalho.

    O turismo é fonte de descanso e prazer, mas para nós, empresários e líderes empresariais, é preciso levar a atividade turística muito a sério, como uma importante atividade econômica, talvez aquela com maior perspectiva de crescimento no País. Se para o turista o Brasil é uma terra de maravilhas a ser desfrutadas, a atração de viajantes brasileiros e estrangeiros é, para nós, uma forma de gerar emprego e renda, fazendo com que nosso País exerça sua vocação de grande potência econômica da América do Sul e, por que não, de todo o mundo.

     

    *Leandro Domingos Teixeira Pinto é presidente da Federação do Comércio do Estado do Acre (Fecomércio-AC) e 1ª vice- presidente Financeiro da CNC